Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]


Mensagem de sua Excelência Dr. Jorge Carlos de Almeida Fonseca, Presidente da República, por ocasião da celebração do dia mundial da alimentação e do dia internacional para eliminação da pobreza

 

Prezados Concidadãos

Assinala-se, hoje (16/10/2014) e amanhã (17/10/2014), o Dia Mundial da Alimentação e o Dia Internacional para a Eliminação da Pobreza, respectivamente.

 

Infelizmente, não são ainda dias de festa, mas de questionamentos, de profunda reflexão e de análise sobre como (re)construir um mundo e um Cabo Verde livres do espectro da malnutrição e da pobreza.  

Uma reflexão que se impõe porque, em consciência, não podemos estar satisfeitos com um mundo composto de regiões onde impera o desperdício de alimentos e de regiões onde reinam a fome e a malnutrição, muitas vezes impostas por uma lógica comercial em colisão com valores universais como o humanismo e a solidariedade.

 

Na verdade, em um Mundo que produz o suficiente para alimentar todos os habitantes do Planeta e que possui recursos acima do que é necessário para erradicar a pobreza, não deveria ser aceite, nem tolerável, que 805 milhões de pessoas passem  fome e que 66 milhões de crianças em idade escolar não tenham acesso a alimentação em quantidade e qualidade suficientes.

 

Em Cabo Verde, 10% da população tem problemas de acesso, regular e de forma estável, a produtos alimentares e, consequentemente, sofrem de malnutrição. É imperioso pois encontrar formas de conceber - e de executar - políticas mais ajustadas às condições e, sobretudo, às aspirações das famílias afectadas pela pobreza e pela malnutrição, realizando o ainda bem vivo sonho de construirmos um Cabo Verde onde todos tenham possibilidade de adquirir o pão necessário para uma vida saudável. Esta é a condição indispensável, porque básica, para a construção de um Cabo Verde justo, onde haja lugar para todos. Isso implica, obviamente, colocar as famílias no epicentro das políticas sociais, económicas e de desenvolvimento, porque são elas, afinal, a base da nossa sociedade e as destinatárias das medidas de política que promovem o bem-estar.

 

Mas vencer a pobreza, a fome e a malnutrição no nosso País pressupõe fazer chegar os ganhos da modernização da nossa agricultura, em primeira mão, a bairros degradados, a comunidades isoladas, a famílias carenciadas, dispersas por estas ilhas. E fazer isso implicaria a introdução de melhorias substanciais no circuito de distribuição e de comercialização de produtos agrícolas, no transporte intra e inter-ilhas e nas parcerias público/privadas. Seria preciso ainda não descurar a eventualidade de subvenção de preços de alguns produtos alimentares de modo a permitir que frescos e outros géneros de primeira necessidade  fiquem ao alcance do poder de compra das famílias das comunidades isoladas e mais carenciadas.  A garantia da disponibilidade, do acesso e da estabilidade de aprovisionamento de produtos alimentares, em qualidade e em quantidade suficiente, possível com a execução de tais medidas, bem como o acesso a uma educação nutricional adequada permitir-nos-ia obter ganhos consideráveis na luta contra a pobreza, a fome e a malnutrição.

 

Porém, mais facilmente conseguiremos reduzir a pobreza e afastar o espectro da fome e da malnutrição se nos lembrarmos que a fome e a malnutrição, enquanto expressões visíveis da pobreza, são problemas sociais cuja resolução depende, sim, de políticas conducentes à criação de riqueza e de postos de trabalho e de distribuição adequada de rendimentos, mas também do envolvimento, do empenho e da solidariedade de cada um de nós para com aqueles que experimentam dificuldades em obter a qualidade de vida que legitimamente almejamos para o nosso povo.

Vencer tais mazelas está pois ao nosso alcance!

 

Por isso, nestes dias de reflexão, o meu apelo vai no sentido de mais e melhor investimento na modernização do sector agrícola, da melhoria do acesso ao crédito, da diversificação da oferta de formação profissional para os jovens e também no sentido de sermos mais solidários, associando-nos às organizações humanitárias, como a Cruz Vermelha, a Cáritas e outras ONG’s  envolvidas na luta para eliminação da pobreza, da fome e da malnutrição, disponibilizando um pouco do nosso tempo e dos nossos recursos, a bem dos nossos concidadãos que vivem em condições sociais por vezes infra-humanas.

 

Autoria e outros dados (tags, etc)

publicado às 17:57