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Excelentíssimos Senhores

Presidente da Câmara Municipal de São Vicente

Presidente da Câmara do Comércio Indústria e Turismo de Barlavento

Presidente da Associação de jovens Empresários de Cabo Verde

Vereadores e representantes de Câmaras Municipais

Jovens Empresários do Norte do País

Ilustres convidados

Profissionais da comunicação social

Minhas Senhoras e Meus Senhores

 

Foi com muita satisfação que aceitei o honroso convite para participar deste evento, que reputo de grande importância para a economia e a sociedade em geral, porquanto um tal espaço de reflexão e de questionamento permite não só realizar um diagnóstico aprofundado e completo do empreendedorismo jovem no Norte do País, como a consequente identificação e construção de caminhos e soluções que podem catapultar a economia regional para uma trajectória que permitirá uma outra valoração do potencial desta região e do seu papel no processo de desenvolvimento do País.

Acredito, outrossim, que poderá permitir à nossa juventude perspectivar um futuro melhor, apostando em certezas, fazendo uso do seu dinamismo, garra e determinação em desafiar o destino que, tanto a conjuntura como a natureza, teimosamente querem nos impor. Apraz-me, pois, participar em processos desta natureza.

Para além da perspectiva essencialmente económica que caracteriza a actividade empresarial, as suas dinâmica e autonomia são importantíssimos esteios da democracia, que, na verdade e antes de tudo, tem de viver da iniciativa e energia das pessoas e dos actores sociais, dos que, no dia-a-a-dia, procuram soluções para os problemas que se colocam à sociedade. É essa participação que, de facto, permite que a democracia extravase as insubstituíveis balizas institucionais e se entranhe na medula dos diferentes segmentos da nossa sociedade.

A afirmação da juventude que, como costumo dizer, é um futuro que começa hoje, é de importância crucial para a nossa afirmação como sociedade que se estriba nos valores da liberdade, a da democracia e da justiça social. De uma sociedade que procura fazer da participação de todos os segmentos sociais, etários e regionais, o seu fermento principal.

Senhor Presidente da Câmara Comércio, Indústria e Turismo de Barlavento

Senhor Vereador

Jovens Empresários do Norte

O facto de jovens empresários de uma determinada região do país congregarem sinergias é particularmente salutar e de grande pertinência, no contexto actual.

Acredito que as reflexões e debate que proporciona são, sem dúvida, contribuição interessante e necessária ao debate, em curso, sobre a regionalização. As perspectivas desse importante segmento, na perspectiva da optimização das potencialidades económicas da região possuem um valor muito particular.

De facto, não basta criticar os malefícios que a centralização excessiva pode conter, nem os elevados custos que acarreta. A identificação das possibilidades de desenvolvimento e a construção dos caminhos que permitirão o efectivo aproveitamento das especificidades de cada região, são um inestimável contributo para os que têm a responsabilidade de criar o quadro que, além de permitir o exercício real das liberdades, deverá assegurar o combate às assimetrias regionais irrazoáveis e a racional e adequada utilização e distribuição dos recursos materiais e humanos do país.  

 

Senhor Presidente da Câmara Comércio, Indústria e Turismo de Barlavento

Senhores Vereadores

Jovens Empresários do Norte

Em um momento em que há muita incerteza quanto ao futuro da Europa, mormente da Zona Euro, da qual muito depende a economia do nosso País, em que tanto o Estado como o privado têm reduzida capacidade para criar emprego, em que os bancos comerciais se queixam da quebra de confiança, devido ao incumprimento e à reduzida dimensão dos projectos que concorrem ao crédito, é salutar ver jovens que não ficam de braços cruzados lamentando a sorte que a situação, nacional e internacional, lhes legou e que se empenham na busca e na edificação de soluções conducentes a uma real e efectiva inserção socioprofissional, criando e oferecendo, pela via do emprego, oportunidades a outros jovens e adultos que, de outra forma, permaneceriam no desemprego.

É tanto mais salutar, quanto mais se apercebe que o desemprego em Cabo Verde tem um “rosto jovem”. Efectivamente, o desemprego atinge 34,6% dos jovens com idade entre 15-24 anos e 19,7% dos jovens com idade entre 25-34 anos. Em S.Vicente o desemprego jovem no meio urbano é de 32,6%, no Porto Novo de 38,7% e no Paúl de 28,7%. A idade média dos desempregados no nosso País é de 29,2 anos no meio urbano e de 28,7 no meio rural e o desemprego entre os jovens com formação pós-secundária é de 15,1% no meio urbano e de 20,8% no meio rural. De entre os factores explicativos de um tal fenómeno social estão seguramente a insuficiência dos investimentos públicos e privados e, muito provavelmente, também o desencontro entre a formação oferecida aos jovens e as exigências e expectativas do mercado do trabalho. Nestas circunstâncias, a escolha das áreas de formação e de especialização deverá incidir naquelas que, por não estarem congestionadas, oferecerão melhores perspectivas de emprego. Por outro lado, há que apostar na empregabilidade, ou seja na aquisição de habilidades específicas e de capacidade de adaptação e reconversão que, aliadas à formação de base, melhorem as possibilidades de conquistar um lugar ao Sol.

O mesmo se poderia dizer da escolha de projectos e domínios de investimentos, em que será preciso, doravante, evitar o fenómeno da moda e de cair na rotina do “mais do mesmo” e do ordinário para, explorando o potencial regional, se ousar, pela via de novos investimentos, o incomum e o extraordinariamente inovador, útil e estrategicamente relevante para a região e para o País em geral.

Mas sair do ordinário, do comum, para o excepcional e para o estrategicamente relevante, implica necessariamente saber canalizar e, sobretudo, utilizar o condensado do potencial de imaginação, de criatividade, de organização, de dinamismo, de concorrência, de trabalho de equipa, de entusiasmo e de vontade de vencer recentemente demonstrados durante a época carnavalesca ao serviço da economia real. Em boa verdade, só um tal espírito poderá fazer desta região, e de S. Vicente em particular, um pólo de referência industrial, tanto para o País, como para a Região Africana na qual estamos inseridos, porquanto o recurso a um capital de tamanha importância para a economia nos permitiria, seguramente, equilibrar o peso das concorrências e, consequentemente, atacar mais eficazmente o desafio de reduzir a dependência externa do nosso País da importação de bens e serviços cuja produção esteja ao nosso alcance. 

Lanço, daqui desta tribuna, um desafio aos empresários, em geral, e aos participantes deste fórum, em particular, para investirem tendo em consideração, obviamente, a procura interna, mas perspectivando sempre a exploração de outros mercados, especialmente os da nossa Sub-região Africana, onde existe uma diversidade de oportunidades a que poderíamos ter acesso, recorrendo, inclusivamente à diplomacia económica. Daí a importância crucial do recurso ao capital imaterial usualmente investido, com enorme sucesso, no carnaval, para aplicação na economia real.

Senhor Presidente do AJEC

Jovens empresários do Norte

Cabo Verde elegeu o turismo como sector chave para o desenvolvimento económico, mas, infelizmente, a promoção do turismo ocorreu a par e passo com o processo de desindustrialização, com a agravante de a actividade turística não ter chegado a assumir, como se esperava, o papel de impulsionador da nossa economia, por não se ter  adequadamente ancorado às economias locais. Na verdade, em 1998 o turismo representava pouco menos de 5% do PIB e a indústria 20%. Hoje nota-se uma inversão do peso destes dois sectores na economia nacional, com a indústria a representar apenas 5% do PIB. Por esta razão, temos uma oferta turística sustentada com produtos importados, porque as fragilidades da nossa indústria e da nossa agricultura não nos permitem aproveitar as oportunidades do mercado turístico para revitalizar a nossa economia. Há portanto toda uma logística que serve de suporte e apoio à indústria turística mas que está sendo alimentada pela importação, provocando a fuga de uma proporção muito elevada dos benefícios do sector para o estrangeiro. 

O desenvolvimento económico do nosso País exige-nos recusar uma tal dependência externa como fatalidade, como destino cujo controlo nos escapa, para, com ousadia e, diria até, com um certo “atrevimento”, inverter a tendência crescente de esperar que as coisas aconteçam lá fora, para nos acomodarmos e nos ajustarmos a esses acontecimentos aqui dentro. Permitam-me lançar-vos um outro desafio e que consiste em explorar as oportunidades que a promoção do turismo oferece ao sector da indústria transformadora e à agricultura, realizando investimentos, criando e oferecendo produtos e serviços cuja qualidade justifique que cesse a importação de produtos idênticos ou similares. Efectivamente, só com esta determinação conseguiremos colocar o nosso País numa trajectória de desenvolvimento económico propiciador de níveis de crescimento susceptíveis de nos fazer sonhar com o fim do sufoco que nos é infligido pelos actuais níveis de desemprego, pobreza e injustiça social.

E vencer o desemprego, a pobreza e a injustiça social, pela via de políticas activas de criação de emprego, promovendo investimentos empresariais, pode pressupor, em certos casos, a busca de solução colectiva para problemas comuns. Assim, sem prejuízo para investimentos individuais, a opção pela organização em cooperativas é uma possibilidade que sugiro aos jovens que pretendam abraçara aventura empresarial: estudem a história de sucesso do movimento cooperativo para que possam explorá-la, com vantagem, mormente neste contexto de notória dificuldade de acesso ao crédito financeiro.

Porém, aceitar um tal desafio implica, e isso é importante, lembrar-se sempre que é a partir de um grão que se produz uma espiga e que se deve evitar certas e determinadas atitudes, nomeadamente o de tudo querer, e depressa, sob pena de, apesar da boa vontade, se matar o pinto no ovo. Em boa verdade, em um País como o nosso, o empresário deve ter a paciência do pescador e a certeza do agricultor e trabalhar arduamente, esperando pelo amadurecimento dos frutos, para poder tirar o merecido benefício. O imediatismo e a tentação de ostentação são inimigos do sucesso empresarial. É pois de se evitar o erro da “mania de grandeza” logo no arranque, atitude que pode levar ao insucesso do empreendimento, pelos elevados custos de estrutura que uma tal opção acarreta.

E é com estes desafios e sugestões, aliados a meus votos de sucesso, que declaro aberto o 1° Encontro dos Jovens Empresários do Norte.

 

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publicado às 17:06