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Uma das principais características do mundo actual é o ritmo extremamente acelerado com que se processam as mudanças. Os avanços tecnológicos ocorrem com uma intensidade estonteante, as relações entre sociedades, nações e grupos de interesse conhecem alteações tão rápidas e, por vezes, inesperadas, que muito dificilmente são apreendidas.

Neste panorama, o conhecimento surge como um dos principais pilares do desenvolvimento e actualiza-se em permanência. Com uma velocidade muito apreciável conceitos, ideias, pressupostos são ampliados, modificados ou simplesmente ultrapassados. 


Esta realidade, longe de implicar uma visão que signifique subserviência a determinados conceitos de ciência, deve ser entendida como uma possibilidade de liberdade.
Nesta linha retomo uma ideia expendida há cerca de um ano na Universidade de Cabo Verde: “Não se pode negar que a criação do ensino superior em Cabo Verde abriu um extraordinário espaço de liberdades: liberdade de aprender, de educar, de ensinar, de acesso à informação e à cultura, de criar, mas também de inovar. A discussão que se deverá agora aprofundar é sobre as condições que serão necessárias para transformar essas liberdades constitucionalizadasem capacidades, sem se abstrair do contexto do país e dos desafios à governação que o desenvolvimento de um ensino superior de qualidade coloca sempre”.
Naturalmente que esta nova realidade afecta, de modo estrutural, o funcionamento da sociedade, toca muito particularmente as crianças e jovens e concede ao professor uma inestimável importância e uma responsabilidade cada vez maior.
Fica claro que o impacto de um bom professor na vida das sociedades vai muito além das estatísticas, das notas de cada aluno. Ele, o professor, é protagonista fundamental no decurso do processo de aprendizagem, no qual assume um papel que não se limita a transmitir conhecimentos de matemática, português ou geografia, mas que requer, igualmente, o empenho em provocar a curiosidade, em estimular o gosto pelo saber, em despertar a dúvida e a recusa em relação ao dado e em fortalecer a convicção na possibilidade da mudança. E, porque não?, em favorecer e potenciar a cidadania, o amor e o culto da liberdade.
Num mundo confrontado com as profundas alterações antes referidas, a transferência e permuta adequadas do saber, ou seja, a qualidade do professor, - deste mediador hábil a contribuir para a aprendizagem e intervir no campo da formação individual, social e ética de cada cidadão -, tem um inestimável valor.
Logo, frente a atribuições tão fundamentais, neste dia dos professores cabo-verdianos, para além de ambicionarmos estimular cada professor à entrega e ao exercício diário de ser um professor de qualidade, um bom professor, temos razões suficientes para lhe prestarmos uma justa homenagem; sabemos que avanços importantes foram alcançados na área da educação, stricto sensu, e em tantas outras, no nosso país, com relevante participação dos professores.
Em nome da Nação, a todas as professoras e a todos os professores cabo-verdianos que têm, em épocas distintas, mas de modo igualmente valente e competente, contribuído para o progresso do nosso país, as nossas palavras de autêntico reconhecimento e gratidão e o nosso estímulo para que continuem a oferecer o melhor de si.
Todos temos consciência da imensa importância de que se reveste o sistema de ensino no nosso país, essencial para a formação humana, artística e cultural dos nossos cidadãos e para um desenvolvimento social inclusivo.   
Continua a pertencer à classe docente uma parte da grande responsabilidade que é investir na construção de uma educação capaz de levar à apropriação dos conhecimentos em sua relação com as necessidades do presente e com as experiências do dia-a-dia dos cabo-verdianos.
Como frisei há precisamente um ano, saber fazer o que deve ser feito, como, quando, com que recursos e com que parcerias é missão para uma geração esclarecida e audaz, formada segundo os melhores preceitos e estimulada a fazer o máximo possível com as melhores práticas do planeta. Para isso, certamente, o professor muito pode e presta-se, certamente, a contribuir, não dependendo apenas dele, naturalmente, esta complexa missão.
Assim, incentivamos as autoridades responsáveis a tudo fazerem, num quadro de diálogo permanente e autêntico, para que os complexos problemas, nomeadamente os concernentes às condições gerais de trabalho dos professores, que ainda condicionam o nosso sistema de ensino nos diversos níveis, sejam equacionados e resolvidos de forma adequada e justa, para que, de facto, a Educação assuma cada vez mais o papel de motor do desenvolvimento e de instrumento de afirmação, cada vez mais incondicionada, da cidadania democrática e das liberdades. 

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publicado às 07:23