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Discurso proferido por Sua Excelência o Presidente da República, Dr. Jorge Carlos de Almeida Fonseca, na Cerimónia de Abertura da

 5ª Edição da Semana Global do Empreendedorismo

 

Praia, 17 de Novembro de 2014

 

 

Senhor Presidente do Conselho da Administração do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP)

Senhor Presidente da Agência para Desenvolvimento Empresarial e Inovação (ADEI)

Senhor Presidente da Associação de Jovens Empresários de Cabo Verde (AJEC)

Senhor Meritíssimo Reitor da Universidade Jean Piaget

Estimados Estudantes

Senhores/as profissionais da comunicação social

Minhas Senhoras e Meus Senhores

 

 

É com enorme prazer que aceitei o convite para passar a manhã desta segunda-feira com pessoas que escolheram fazer parte das soluções para os desafios do nosso país.

 

Perante os desafios da vida, é determinante a maneira como diante deles nos posicionamos. É tentador integrar-se nos problemas e esperar que outrem encontre soluções, mas a atitude certa é esta que estão a ter, procurando fazer parte das soluções. E há um grande abismo entre fazer parte dos problemas e fazer parte das soluções.

 

 

Fazer parte dos problemas é deixar-se arrastar pelas circunstâncias, deixar-se levar, acabando por ser levado na enxurrada e sucumbindo a regras que não se domina. Já fazer parte da solução é assumir-se como agente da mudança, buscando identificar as regras do jogo, agindo proactivamente sobre os parâmetros da situação, participando da reformulação das regras e fazendo as coisas acontecerem.

 

Vocês escolheram o lado certo para o bom combate rumo ao sucesso. Por isso, é-me particularmente gratificante testemunhar em evento como este, em comunhão com jovens que decidiram não deixar em mãos alheias a decisão sobre o seu futuro.

 

Apraz-me outrossim, felicitar instituições nacionais como o  Instituto do Emprego e Formação Profissional e a Agência para o Desenvolvimento Empresarial e Inovação,  Associação de Jovens Empresários, Universidades, ONG e outras associações que, no seu dia-a-dia contribuem para a construção de uma sociedade liberta do flagelo da pobreza, do desemprego e da exclusão, promovendo iniciativas locais (colectivas e individuais) de criação e salvaguarda do emprego, ao mesmo tempo que apoiam os jovens na busca do primeiro emprego a realizarem os seus projectos de integração socioprofissional.

 

Minhas Senhoras e Meus Senhores

 

 

Se é verdade que o sucesso de muitos empreendimentos levados a cabo pelos jovens está intimamente ligado à qualidade da formação técnica em gestão, da assistência e do aconselhamento, tanto no processo de criação como no de desenvolvimento do negócio, dispensados pelas instituições e ONG vocacionadas, não é menos verdadeiro  que muitas ideias de negócios não vão avante porque o planeamento foi incipiente, a ideia de negócio não foi devidamente sopesada, porque se descurou a necessidade de transformar a ideia de negócio em num modelo de negócio ou ainda porque não foram projectados os números do negócio para se prever se ele é lucrativo ou não.

 

O planeamento é fundamental porque ajuda a reduzir a margem de incerteza, prevenindo surpresas, por vezes desagradáveis.

Entre a ideia de negócio, sempre muito abstracta, e um modelo de negócio, em concreto, pode ir um mundo, pelo que pular tal etapa é como dar um saldo no escuro.

O estudo de viabilidade económica e o plano de negócios, pelas indicações que deixam acerca da probabilidade do sucesso do empreendimento, são fulcrais.

 

O empresário, jovem ou menos jovem, que tenha capacidade de leitura da conjuntura, de prever e de antecipar o comportamento e estratégias dos outros actores e parceiros presentes na arena onde a procura e a oferta se digladiam, que é o mercado cabo-verdiano, tem amplas, tem mais  possibilidades de sucesso.

 

O espírito empreendedor ou empreendedorismo, assim como a motivação para fazer a coisa certa, no momento certo, para o púbico-alvo certo, é algo que vem de dentro. É visceral. Creio! Dificilmente se poderá ensinar alguém a ser empreendedor. Contudo, nada impede, antes se aconselha que se tome devida nota do que ressalta da sabedoria tradicional que recomenda a diversificação da oferta de formação a dispensar aos potenciais candidatos a empresário e o cultivo do hábito de respeitar contratos e compromissos assumidos.

 

Um bom empresário é aquele com quem se negoceia uma vez e se quer continuar a ter negócios. Um empresário assim tem algo que não se compra, nem se vende: tem um “capital confiança”e de credibilidade que abre portas e possibilidades quase ilimitadas.

Por isso, jovens empresários, é crucial que interiorizem as boas práticas, seja respeitando os direitos dos trabalhadores, assegurando a regularidade no pagamento dos salários e no cumprimento das obrigações com a Previdência Social; seja investindo na formação dos seus colaboradores.

 

O dinheiro vertido na qualificação dos colaboradores não é uma despesa, sendo antes um investimento com elevada taxa de retorno e que se traduz, invariavelmente, em ganhos de produtividade,em redução de custos e de tempo, evitando devoluções e  re-trabalho.  Recomenda-se. Pois.

 

É ainda legítimo questionar se em Cabo Verde não poderíamos incentivar mais iniciativas empresariais através do sistema de garantia denominado “rede de segurança” para empreendedores, como aliás acontece em vários países com as melhores práticas neste domínio. Isto tendo em conta que, contrariamente aos trabalhadores por conta de outrem, os empreendedores regra geral não têm direito a apoios sociais se a empresa que criaram falhar.

 

Senhores Presidentes

Senhora embaixadora da semana global do empreendedorismo

Senhor Reitor da Universidade Jean Piaget

Caros amigos

 

Congratulo-me com a dinâmica de criação de novas empresas que se verificou durante o ano transacto e que se mantém ao longo deste ano. Efectivamente,, em 2013, foram criadas mais de mil empresas, das quais 78% no sector de serviços, 3,7% no da agricultura e 18% no sector industrial.

Contudo, em muitos sectores, mesmo de estudiosos, suscita ainda alguma preocupação a grande concentração das empresas no sector de serviços. Essa preocupação avoluma-se um pouco mais quando se nota que a concentração é também geográfica (Santiago, Sal e Boavista), sobretudo com forte potencial para acentuar, ainda mais, as assimetrias de desenvolvimento existentes entre estes centros e os demais municípios/ilhas.  

 

Porque será isso? Porque é que as oportunidades oferecidas pela agricultura e pela indústria não têm atraído tais empreendedores? A criação de um sistema de incentivos para empresários que investem nos municípios e ilhas ditos periféricos bem como a criação de condições reais para que os seus serviços e produtos possam chegar aos centros de consumo em outros municípios ou ilhas  pode ser uma via a explorar, pelas possibilidades qe abre aos jovens da chamada periferia de participar mais activamente no processo de desenvolvimento e a ter acesso a um rendimento, para si e para os seus.

 

Por exemplo, no Mindelo e na Assomada, só para dar dois exemplos, há espaço suficiente para o desenvolvimento da indústria  e um “capital” de criatividade e de vantagens comparativas que não foram, até ao momento, adequadamente explorados e orientados para a economia real.

 

Os jovens empresários não se sentem tentados a abraçar  o desafio de se aventurarem em investimentos no Mindelo, em Santo Antão e até mesmo na Brava, (por que não?) aproveitando esses nichos e uma fiscalidade incentivadora? Estar-se-ia pondo de pé um tecido empresarial sectorial e geograficamente diversificado e com a tonicidade necessária para contribuir para a consolidação do processo de desenvolvimento de Cabo Verde.

 

Aproveito a oportunidade para lançar ao IEFP, à ADEI e às ONG´s nacionais com vocação similar o repto de apostarem no incremento das respectivas taxas de penetração, fazendo chegar os seus serviços e produtos também aos jovens das ilhas e municípios menos desenvolvidos, ditos periféricos.

 

Prezados amigos

 

O esforço consentido pelas instituições e ONG nacionais em prol da integração socioprofissional dos jovens tem, apesar das vicissitudes, dado algum resultado. Contudo, resta ainda um longo percurso a realizar porquanto 54,3% dos jovens com idade entre os 15-34 anos conhecem as agruras do desemprego. O desafio que este problema coloca ao País exige uma maior e melhor cooperação institucional e, sobretudo, uma parceria público/privado de qualidade e capaz de responder aos anseios dos jovens em busca do primeiro emprego.

 

A sorte está lançada. O destino da economia nacional, a capacidade para transformar vantagens comparativas em posições de competitividade, o incremento da produção e da produtividade, a criação e o aproveitamento de janelas de oportunidade, são desafios que os jovens empreendedores lançaram a si próprios e que terá de contar com o papel de fomentador da economia reservado ao Estado e que precisa ser cada vez mais assumido pelo Executivo.

 

Os jovens empreendedores parecem determinados a assumir o papel que o país lhes reserva. O Executivo também. Importará, agora, pôr de pé mecanismos de concertação para que se atinja o desiderato comum. E é com estes reptos quero fechar a minha mensagem. Desejo que este fórum seja um êxito claro. Declaro aberta a 5ª Edição da Semana Global do Empreendedorismo.

 

Muito Obrigado

 

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publicado às 09:05


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